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A POLÊMICA CURA GAY

Atualizado: 28 de mai. de 2019


Desde quando existe comportamento homossexual no ser humano?

Provavelmente desde sempre!

Khnumhotep e Niankhkhnum formaram o primeiro casal - de homens- registrado pela história. Ambos compartilhavam o título de "supervisores dos manicuros" do palácio do rei do Egito Niuserré, cerca de 2400 a.C. Foram sepultados em uma mesma tumba onde são mostrados homens se abraçando e de mãos dadas.

Apesar de ser um comportamento humano, presente em todas as sociedades e culturas, os aspectos individuais da homossexualidade foram admirados, tolerados ou condenados, de acordo com as normas vigentes nas diversas culturas e épocas ao logo da história. Vamos ver alguns exemplos: a) na Grécia antiga a relação homossexual era socialmente aceita e sabe-se que Platão, em seus primeiros escritos, elogiou os seus benefícios.

B) homossexuais e pessoas transgênero também eram normais em civilizações pré-colombianas como os astecas, maias, quíchuas, moches, zapotecas e os tupinambás, no Brasil. C) O Código de Manu, redigido entre os séculos II a.C. e II d.C, obra fundamental do direito hindu, menciona um "terceiro sexo", cujos membros podem exercer expressões de gênero não-tradicionais e atividades homossexuais. D) culturas influenciadas pelas religiões abraâmicas, a lei e a igreja estabeleciam homossexualidade como uma transgressão contra Deus.


Em resumo, a homossexualidade é um comportamento humano que sempre existiu e sempre existirá, gostando você ou não desta informação.

Classificar este comportamento como normal ou “doente” é mais problemático mas vamos lá. Responda para mim; ser canhoto é normal?

Acredito que você dirá que sim (eu espero!). Hoje ninguém acredita mais que ser canhoto é um problema não é mesmo?! Mas nem sempre foi assim. A sugestão bíblica de que a mão direita é divina teve consequências desastrosas na Idade Média. Pela lógica, a Igreja Católica entendeu que a esquerda estava ligada ao capeta. Durante a Inquisição vários canhotos foram torturados e queimados como bruxos.

O que mudou da Idade Média para cá? Apenas a forma de ver o canhoto! Hoje eles são aceitos. Existem carteiras escolares próprias para atendê-los e muitos acham até charmoso. Aproximadamente 10% da população são de canhotos. Eles sempre existiram, e existirão, assim como os homossexuais. A diferença fica por conta da palavra aceitação.

Mas porque em pleno 2019 ainda estamos falando sobre homossexualidade?

Bom...porque tem gente que ainda acredita em “cura” gay, também chamada de terapia de reorientação sexual (chamada ainda de terapia de conversão ou terapia reparativa).

Isso é tão ridículo quanto a ideia de curar um canhoto! Se não existe nada de errado em ser canhoto você vai curar o que?

Homossexualidade não é doença. Isto deixou de ser considerada transtorno mental oficialmente em 1973 quando a Associação Americana de Psiquiatria decidiu retirá-la do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM).

Acontece que a homossexualidade é mal vista nesta nossa sociedade majoritariamente cristã. Muitas pessoas usam argumentos da religião para reprovar e condenar o comportamento homossexual. Fé é crença, é dogma e, portanto, não há muito o se falar sobre o pensamento crítico e científico certo? Sim. Mas tem gente que faz um esforço homérico, distorcendo argumentos para revestir com ciência crenças de fundo primordialmente religioso. Por isso ainda existem psicólogos brasileiros que pretensamente querem fazer intervenções “científicas” para reverter a homossexualidade. O Brasil está mesmo andando na contramão da história e da ciência. Reverter comportamento homossexual é anticientífico!!! Isso é impossível a já foi provado há muito tempo. Pesquisas já realizadas têm falhado consistentemente em fornecer qualquer base empírica ou científica para considerar a homossexualidade como uma doença ou anormalidade.

Cabe ainda pontuar que as terapias de “cura” gay são perigosas. A crença na esperança de mudar a orientação sexual seguida pela falha do tratamento em alcançar tal objetivo, foi identificada como uma importante causa de sofrimento e de uma autoimagem negativa, e pode aumentar a taxa de suicídio entre os que se submetem a tal tratamento.

Ademais é preciso lembrar um pouquinho de história para ser ter noção dos riscos envolvidos: a Alemanha nazista tentou 'curar' homossexuais através de métodos como tratamentos hormonais e relações sexuais forçadas com prostitutas. Para a ideologia nazista, os homossexuais deveriam ser "recuperados" para poderem voltar à prática reprodutiva. No entanto, diante da ineficácia das tentativas de cura, todos os homossexuais envolvidos nas terapias foram castrados para impedi-los de sentir qualquer tipo de prazer sexual, ou eram assassinados em campos de concentração.


Por tais motivos as principais organizações de saúde mental profissionais não incentivam as pessoas a tentarem mudar a sua orientação sexual de homossexual para heterossexual. Repetindo: nenhuma organização profissional (séria) de saúde mental apoia esforços para mudar a orientação sexual e praticamente todas elas adotaram declarações de política da profissão com alertas ao público sobre os riscos dos tratamentos que se propõem a mudar a orientação sexual. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) proibiu esse tipo de terapia em 22 de março de 1999.

Mas....aqui no nosso amado quadradinho tentou-se suspender a vedação a este tratamento. Em 2017, um juiz da primeira instância – Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara Cível de Brasília autorizou a terapia de reversão sexual. Contudo na justiça brasileira tem gente com bom senso. A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o andamento da ação que autorizou a terapia de reversão em 24/04/2019.

É inacreditável que ainda estejamos discutindo isso. Para a ciência este tema está superado. Há um grande número de evidências que afirmam que ser homossexual ou bissexual é compatível com uma saúde mental e um ajustamento social completamente normais. Ser gay é apenas uma variação do normal, igual a ser canhoto!

Sabe o que adoece os gays, lésbicas, transexuais (e outras variações do padrão)? O PRECONCEITO e não sua condição em si! A rejeição social, a falta de apoio até dos familiares próximos, o ataque por parte de religiões conservadoras e o ódio vindo da homofobia; isso sim é adoecedor. É a falta de compreensão e de aceitação que é o foco de problema, então não deveria ser isto a ser considerado como “doença”? Apenas uma pergunta retórica...

Reprovar, condenar ou aceitar a homossexualidade depende (no fundo) do caráter e dos valores de cada um. Entender a questão e mudar de opinião depende da capacidade de empatia, de se colocar verdadeiramente no lugar do outro. Você não precisa ser gay para entender isso. Você só precisa ser capaz de ver que sua verdade não é a mesma verdade do outro. Lembremo-nos: “ É só o amor, é só o amor....Que conhece o que é verdade. ” #homofobiamata #psiquiatria #saudemental #espaçoserenitas #LGBTI

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